sexta-feira, 24 de julho de 2015

A HUMANIDADE
João Eichbaum

A humanidade nada mais é do que um simples fenômeno da natureza. O homem, espécie de que é gênero o animal, não passa do resultado de um dos muitos processos físico-químicos que alimentam a dinâmica do universo. Como todo o processo químico provoca reações, a natureza não poderia ser estática.

Justamente por serem produtos de uma composição química, os animais são diferentes uns dos outros, como são diferentes suas espécies. Essa diversidade é a primeira prova de que eles não foram criados, como pretendem os seguidores da mitologia judaico-cristã.

Se tivessem sido criados por algum ser superior, poderoso, onipotente, segundo o modelo da mencionada mitologia, na base do sopro e da costela, cada espécie teria configuração única, linear, padronizada. Nenhuma unidade, dentro da respectiva espécie, escaparia ao modelo, exatamente por ser fruto de uma inteligência superior, onipotente, imune de erros.

Justamente às reações químicas se deve a diversidade. Há certas composições que se repelem ou não se ajustam, devido aos mais variados fatores. Quem trabalha em laboratório sabe disso. Clima, temperatura, dosagem, invólucro, podem ser responsáveis pela variação das reações químicas.

Assim, o homem é inteiramente dependente das reações químicas que nele operam, desde a junção do óvulo com o espermatozóide até sua decomposição total, que só deixa pó como rasto. Cor, tamanho, eficiência e funcionamento de células e neurônios, grau de inteligência, prazo de validade, variam em cada unidade. Da gentalha à aristocracia, do mendigo ao rei, do desclassificado ao podre de rico, do amor ao desdém. É desse amálgama que se forma a humanidade.


Resumindo: um ser humano não é igual ao outro. E isso se reflete no conjunto. A disparidade dos seres que compõem a humanidade é responsável pela imperfeição dela e nos afunda na crua realidade do mundo. Para alguns, a vida é mais feia que fiofó de burro; para outros, um paraíso. Não há religião nem filosofia que resolva isso. E o motivo está nos dois ouvidos do homem: o blábláblá entra por um e sai pelo outro.

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