quarta-feira, 22 de julho de 2015

A REPÚBLICA DAS ALAGOAS

João Eichbaum

Renan Calheiros e Fernando Collor de Melo são políticos conhecidos em todo o Brasil pela má fama, pelo péssimo currículo pessoal e político que lhes está atrelado ao nome. E têm de comum o Estado onde nasceram: Alagoas.

Fernando Collor de Melo jamais apresentou ao Brasil uma imagem positiva. Pedante e exibicionista como todo o medíocre, cheio de si, mais íntimo da insânia do que do equilíbrio, metido a garnisé de briga, teve a sorte de enfrentar na disputa pela Presidência da República um pernambucano semi-alfabetizado, a quem alijou do pleito por uma fofoca rasteira.

Como presidente, só fez cagada. Instalou o caos na economia, empobreceu a população, usando como personagem da tragédia uma incompetente ministra da Fazenda, chamada Zélia. Dele, porém, livrou-se o povo brasileiro, graças a um instrumento feito para botar fora da política os corruptos mais burros: o impeachment. Afastado o playboy das Alagoas, o Brasil respirou aliviado, se recuperou.

Renan Calheiros, seu conterrâneo, é do mesmo calibre. Homem sem escrúpulos, despido de moral pessoal e política, enriqueceu com o dinheiro público, se tornou o “rei do gado”. Pressionado por maus feitos nos costumes pessoais e na política, renunciou ao mandato, antes que o cassassem.

Mais outra coisa em comum deles: ambos, contra a vontade do povo brasileiro, voltaram, como aventureiros políticos, a se beneficiar dos cofres públicos, graças aos votos das Alagoas.

Agora, em razão de investigações da PF sobre a corrupção na Petrobrás, o nome de Collor veio novamente à baila. Numa varredura policial na “casa da Dinda”, como é conhecida a casa dele, foram apreendidos carrões de luxo: uma Lamborghini, uma Porsche e uma Ferrari, de procedência duvidosa.

Tanto Renan como seu conterrâneo tiraram dos cachorros para botar na polícia, no Ministério Público e na Justiça, clamando aos céus contra a operação, que tacharam de abusiva. Essa reação se explica. Nas Alagoas eles imperam, as autoridades lhes obedecem, o povo é conduzido por eles como uma manada sem vontade própria. Lá a lei são eles. Alagoas funciona como segunda instância das decisões do povo brasileiro. De nada adianta serem enxotados da política, porque Alagoas os resgata. Donos daquela república, Renan e Collor atrelam o conceito de ética, honestidade e moralidade ao proveito que eles tiram dos cofres públicos.


Nenhum comentário: