A REPÚBLICA DAS ALAGOAS
João Eichbaum
Renan Calheiros e Fernando Collor de Melo são
políticos conhecidos em todo o Brasil pela má fama, pelo péssimo currículo
pessoal e político que lhes está atrelado ao nome. E têm de comum o Estado onde
nasceram: Alagoas.
Fernando Collor de Melo jamais apresentou ao Brasil
uma imagem positiva. Pedante e exibicionista como todo o medíocre, cheio de si,
mais íntimo da insânia do que do equilíbrio, metido a garnisé de briga, teve a
sorte de enfrentar na disputa pela Presidência da República um pernambucano
semi-alfabetizado, a quem alijou do pleito por uma fofoca rasteira.
Como presidente, só fez cagada. Instalou o caos na economia,
empobreceu a população, usando como personagem da tragédia uma incompetente
ministra da Fazenda, chamada Zélia. Dele, porém, livrou-se o povo brasileiro,
graças a um instrumento feito para botar fora da política os corruptos mais
burros: o impeachment. Afastado o playboy das Alagoas, o Brasil respirou
aliviado, se recuperou.
Renan Calheiros, seu conterrâneo, é do mesmo calibre.
Homem sem escrúpulos, despido de moral pessoal e política, enriqueceu com o
dinheiro público, se tornou o “rei do gado”. Pressionado por maus feitos nos
costumes pessoais e na política, renunciou ao mandato, antes que o cassassem.
Mais outra coisa em comum deles: ambos, contra a
vontade do povo brasileiro, voltaram, como aventureiros políticos, a se
beneficiar dos cofres públicos, graças aos votos das Alagoas.
Agora, em razão de investigações da PF sobre a
corrupção na Petrobrás, o nome de Collor veio novamente à baila. Numa varredura policial na “casa
da Dinda”, como é conhecida a casa dele, foram apreendidos carrões de luxo: uma
Lamborghini, uma Porsche e uma Ferrari, de procedência duvidosa.
Tanto Renan como seu conterrâneo tiraram dos cachorros
para botar na polícia, no Ministério Público e na Justiça, clamando aos céus
contra a operação, que tacharam de abusiva. Essa reação se explica. Nas Alagoas
eles imperam, as autoridades lhes obedecem, o povo é conduzido por eles como
uma manada sem vontade própria. Lá a lei são eles. Alagoas funciona como
segunda instância das decisões do povo brasileiro. De nada adianta serem
enxotados da política, porque Alagoas os resgata. Donos daquela república,
Renan e Collor atrelam o conceito de ética, honestidade e moralidade ao proveito
que eles tiram dos cofres públicos.
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