FILOSOFIA
João Eichbaum
A Grécia que, ultimamente, tem ocupado o topo das notícias mundiais, faz
lembrar Aristóteles. E Aristóteles faz lembrar filosofia. Filosofia, hoje, é a
arte de complicar o que é simples. Ao tempo de Aristóteles ela tinha sua razão
de ser: o mundo era pequeno, as desavenças entre os homens se resolviam com
guerras, o maior engolia o menor, ninguém se preocupava com inflação e
desemprego.
Hoje é diferente. O crescimento da população humana propiciou o
aparecimento de muitos filósofos, e as ideias de Aristóteles deixaram de ser
novidade. Se elas não tivessem brotado da cabeça dele, o adensamento dos
agrupamentos humanos e seus consequentes problemas sociais levariam qualquer
filósofo de plantão a organizar as coisas, transformando o mundo,
possivelmente, numa grande Grécia.
Ainda bem que o primata humano
não para de evoluir, e a evolução de sua inteligência trouxe a tecnologia. E
assim, preso à convivência social e enredado nos problemas que ela desencadeia,
o homem moderno depende muito mais da tecnologia do que da filosofia.
Então, não há razão para andarem tantos filósofos batendo cabeça por aí
e inventando coisas. A filosofia perdeu seu lugar de “mãe de todas as ciências”
para a tecnologia. Sem a tecnologia, nada feito, porque ela condiciona o desenvolvimento
dos demais ramos do conhecimento humano.
A ciência de Platão e Aristóteles, nos dias de hoje, só tem uma grande
utilidade: oferece vagas em número maior do que o número de candidatos que a
procuram. É a única maneira de ingressar numa universidade pública. Pelo menos
assim ninguém poderá dizer o que se diz hoje nas redes sociais, sobre a Grécia:
“Até que demorou pra falir um país onde todo mundo é formado em filosofia".
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