terça-feira, 14 de julho de 2015

A PEDRA DE PEDRO
João Eichbaum

Tenho acompanhado algumas manifestações de católicos sobre o que eles chamam de “crise na Igreja”. A Igreja Católica deixou de ser o que era, deixou de ser uma entidade mítica, para se transformar numa simples associação religiosa, mais metida em preocupações materiais do que espirituais.

Jesus Cristo parece que ficou em segundo plano. O que importa agora são mundanidades: o aborto, a camisinha, o homossexualismo, as injustiças sociais (que sempre existiram, inclusive no tempo do dito Cristo) e por aí vai. Enquanto isso, os seminários estão vazios e o clero envelhecendo. Estão diminuindo, para não dizer desaparecendo, os operários. Mas, a “messe” já não é grande: o número de católicos hoje não representa o que representava antigamente, em confronto com outras religiões.

William Neuman, citado por Clóvis Rossi, resume a situação, com maestria, em artigo no "The New York Times": "como uma corporação multinacional que enfrenta queda nas vendas, redução da fatia de mercado, crescente concorrência e uma marca cansada, a igreja é vulnerável".

E assim é. Desde que mudou a liturgia e, tirando a batina dos padres, misturou-os com o povo, o Concílio Vaticano despiu a Igreja Católica daquela aura de mistério que emprestava força e significação aos ritos. Hoje ela está no nível das inúmeras religiões que surgem da noite para o dia no Brasil. Os padres, sem batina, fazem das suas. E na disputa por crentes não existe um referencial que assegure liderança à religião com sede em Roma.

Hoje, como ontem, o povão gosta mesmo é de seus Bezerros de Ouro. Não fosse a figura mítica do papa, um personagem que, aos olhos dos milhões de turistas que acorrem à Praça de São Pedro, parece mais importante do que o próprio Jesus Cristo, o prestígio do catolicismo já estaria fazendo água.



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