A PEDRA DE PEDRO
João Eichbaum
Tenho acompanhado algumas manifestações de
católicos sobre o que eles chamam de “crise na Igreja”. A Igreja Católica
deixou de ser o que era, deixou de ser uma entidade mítica, para se transformar
numa simples associação religiosa, mais metida em preocupações materiais do que
espirituais.
Jesus Cristo parece que ficou em segundo
plano. O que importa agora são mundanidades: o aborto, a camisinha, o
homossexualismo, as injustiças sociais (que sempre existiram, inclusive no
tempo do dito Cristo) e por aí vai. Enquanto isso, os seminários estão vazios e
o clero envelhecendo. Estão diminuindo, para não dizer desaparecendo, os
operários. Mas, a “messe” já não é grande: o número de católicos hoje não
representa o que representava antigamente, em confronto com outras religiões.
William
Neuman, citado por Clóvis Rossi, resume a situação, com maestria, em artigo no "The
New York Times": "como uma corporação multinacional que enfrenta
queda nas vendas, redução da fatia de mercado, crescente concorrência e uma
marca cansada, a igreja é vulnerável".
E assim é.
Desde que mudou a liturgia e, tirando a batina dos padres, misturou-os com o
povo, o Concílio Vaticano despiu a Igreja Católica daquela aura de mistério que
emprestava força e significação aos ritos. Hoje ela está no nível das inúmeras
religiões que surgem da noite para o dia no Brasil. Os padres, sem batina,
fazem das suas. E na disputa por crentes não existe um referencial que assegure
liderança à religião com sede em Roma.
Hoje, como
ontem, o povão gosta mesmo é de seus Bezerros de Ouro. Não fosse a figura
mítica do papa, um personagem que, aos olhos dos milhões de turistas que
acorrem à Praça de São Pedro, parece mais importante do que o próprio Jesus
Cristo, o prestígio do catolicismo já estaria fazendo água.
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