O NÉRIO SABE DAS COISAS
Eu estou inativo, na aposentadoria, aqui
no meu canto de aposentado, com 75 anos, sedentário e com a gordura me
apanhando, esteatose e otras cositas más, a famosa linha média, glicose,
colesterol e triglicerídeos, o terror gastronômico. E bom vinho onde fica,
pois, me criei no meio do vinho, da uva, da safra, da vindima, do esmagamento
da uva, do vinho doce (que dava diarréia) e engarrafar o vinho e guardar no
porão de terra, da nossa casa, o estoque de vinho do meu pai, para
beber com sua turma, a turma das jantas, das pândegas, a turma do funil,
ou " a pesada" como eram chamados em Antônio Prado.
Total como guri de Antônio
Prado, sempre fui criado com comida italiana tudo com banha, bem branquinha de
porco, carneado no dia, e a banha era tão gostosa e tão branquinha, que minha
mãe, querida, passava no pão, feito no forno de tijolos, nos fundos, no grande
galpão, pela minha mãe, e com figada ou goiabada, marmelada, etc...era
inclusive a merenda para o recreio grande no primário do colégio Sagrado Coração
de Jesus, do Maristas, com internos e externos, Os internos seguiam a carreira
religiosa, vinham para o colégio Champagnat, onde hoje é a poderosa PUC, do
Irmão Otão Stefani e que sempre passava as férias em Antonio Prado. Ora.
Ora. Almoço sempre a galinha, vinda lá do galinheiro, dos fundos, cheio de
galinhas, a mãe sempre matava uma por dia e colocava no fogo, do fogão Wallig,
número 2, com duas bocas aberta e portanto direto no fogo, sem a chapa redonda,
removível, e aí cozinhava num molho até a metade da galinha. O aroma de minha
infância é o da galinha cozinhando na panela de ferro, no nosso fogão à
lenha, na cozinha, da nossa casa, lá no bairro Golin, cidade alta, rua 7 de
setembro, 150. E cujo molho, fantástico, também era servido no almoço e servia
para engordar a merenda, aquele baita sanduiche, que a mamãe fazia, para o
recreio no colégio. E os médicos dizem agora, que aquela gostosa e fantástica
alimentação que minha mãe fazia, com suas mãos habilidosas de italiana, cujos
pais, dela, nasceram em Mântova, na Itália, fez mal, entupiu os canos cardíacos
e outras artérias do corpo, etc..etc.. eu penso que não, pois a comida,
como ela fazia, com amor e carinho. Não acredito que aquela comida fazia
mal.
Na minha infância havia muitos
tuberculosos., Era contagioso. Um perigo. Assustavam. Meu tio José Mondadori,
contraiu tuberculose, era o carreteiro da grande loja e casa de negócios dos
Mondadori, os pais de minha mãe, e com a carreta de terno, que carregava até 3,
mil quilos viajava até Caxias do Sul, busando a mercadoria que chegava no trem
( o trem chegou em Caxias, em 1910) e abastecia a loja dos Mondadori e dai a
mercadoria era comercializada com as colônias italianas de Antonio Prado e com
os fazendeiros da Vacaria, perto de Antonio Prado, que tudo vinham fazer em
Antônio Prado, bancos, colégios, farmacias, arreios, selas, remédios,
hospitais, colégios, pois, Antônio Prado tinha tudo e Vacaria que ficava longe
não tinha nem açougue e Antonio Prado tinha tres bons açougues, do Antoninho
Bocches, do Gregório Rotta e o da fima Golin, este já chegando a um pequeno
frigorífico, pois, matavam uns oitenta suinos por dia e uma vaca e
industrializavam tudo. A comida era farta. Tanto que os negros do morro da
Prefeitura, sempre se abasteceram de comida, na firma Golin Irmãos & Cia. e
nunca cobraram nada. Nem a meia garrafa da cachaça de Santo Antônio Patrulha.
Pena que a firma Golin, Irmaõs & Cia. fechou e meu pai que trabalhou no
escritório por 40 anos.
Nério "dei Mondadori" Letti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário