sexta-feira, 3 de julho de 2015

POBRES LETRAS
João Eichbaum

“Na pesquisa realizada constatamos que a biblioteca de materiais que trabalham com o conceito de midiatização, como um construto conceitual necessário para pensar as influências da comunicação na sociedade contemporânea comporta fontes mais variadas”.

Entenderam? Já lhes adianto que eu não entendi patavina. E, no entanto, o texto, publicado no jornal VS de São Leopoldo, é assinado por Rafael Francisco Hiller, que tem atrelado ao nome o aposto de “filósofo e mestre em comunicação”.

Sempre desconfiei de que filósofo não sabe escrever, só sabe enrolar. A filosofia de Aristóteles, por exemplo, até hoje não serviu para nada. A Grécia, seu berço, está num beco sem saída, sem dinheiro e sem emprego para seus cidadãos, se desmantelando como sociedade. A filosofia de seu ilustre filho corre mundo até hoje, sem dizer a que veio, porque não passa de blablablá. Não serve para comer, para vestir, para dormir tranquilo, para arranjar emprego, para estimular o Pib, para evitar a ejaculação precoce, para viver, enfim.

Então, descartemos do texto acima transcrito a filosofia. Se a filosofia fosse a arte de enrolar, tudo bem, não haveria coisa melhor para atingir a tal finalidade. O texto transcrito, obra de um filósofo, não diz coisa com coisa, não passa de uma junção de palavras sem sentido, quer dizer, serve apenas como instrumento de enrolação.

Filosofia fora, sobra o restante da qualificação de seu autor: mestre em comunicação. Então, eu pergunto: o que é que ele está comunicando? Alguém aí saberia me responder? Qual será a mensagem que ele traz? Sim, sim, todos adivinharam. A mensagem do texto nos leva até ao falecido Chacrinha: quem não se comunica, se trumbica. E foi isso que conseguiu o autor: se trumbicar.

Mas, livra-se o autor do peso da inutilidade de seu texto, com a lembrança de que pode ser aproveitado o papel do impresso: tanto para fazer fogo,esquentando o chimarrão nosso de cada dia, como para tingir o traseiro num momento de apuro. Ah, sim, e fazendo fogo, talvez se aproveite a fumaça como meio primitivo de comunicação. Se essa foi a intenção do autor, tudo bem, não tenho argumentos contrários.

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