LUXÚRIA
E RELIGIÃO
João
Eichbaum
O homem, como todo o animal, é essencialmente sexual.
Sem o sexo, instrumento de reprodução, nenhum sentido teria a existência do ser
humano sobre a face da terra. É lei da natureza a perpetuação da espécie.
Então, não venham com voto de castidade pra cima de
mim. Não me venham impingir a lorota de que padres e freiras vivem “uma vida
casta”, porque essa mentira é repelida pelas leis da natureza. Do sacristão ao
papa, todo mundo tem que prestar contas, a si mesmo, das exigências da
natureza.
A história da Igreja está cheia de pornografia,
puladas de cerca, quebra de votos de castidade, padres se envolvendo com fiéis,
freiras fugindo com motoristas. A literatura, nesse gênero, deita e rola. A
religião, geralmente, é o móbil da quebra da “castidade”. Ela aproxima os
celibatários dos não celibatários em nome de Deus e acabam indo todas as partes
para a cama, fornicando em nome das leis da natureza.
Ultimamente, uma história, que romancista nenhum
conceberia, enche as páginas policiais. Uma mulher casada foi esquartejada por
um colega de serviço, recepcionista de hotel. De hotel, não de motel. No curso
da investigação, a polícia descobriu que o indiciado, para esconder o corpo da
mulher, tinha viajado em companhia da namorada, para Santa Catarina.
Perfil da namorada: uma velhinha de setenta e cinco
anos, funcionária aposentada da UFRGS. Ele, o recepcionista de hotel, tem vinte
e cinco. Os dois se conheceram na Igreja Evangélica. Na época, o indiciado
tinha dez anos de idade. Hoje estão ambos na cadeia. Conclusão: a religião não
tem força contra as leis da natureza.
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