PODRIDÃO
João
Eichbaum
O Executivo quer se manter no poder. O Legislativo
quer ganhar dinheiro, diárias, ajudas de custo, verbas de gabinete, décimo
quinto salário, indenizações. O Judiciário só quer alimentar sua vaidade, se
sobrepondo a tudo e a todos, como se fosse um deus.
E nós, o povo brasileiro, pagamos o pato. Pagamos os
impostos, que o Executivo inventa e o Legislativo aprova, e acreditamos nesse
faz de conta que é a Justiça.
Vivemos num mundo de fantasia. Votando neste ou
naquele candidato, nos iludimos com a esperança de que o país vá melhorar. E
nunca aprendemos. Não aprendemos, porque melhor sopro de convicção do que a
mentira não existe. Eles, os políticos, nos enganam, mas nós continuamos
acreditando.
No labirinto da sordidez, os partidos políticos, armam
as tramas. Escolhem os candidatos que são capazes de enganar o povo. Não
escolhem os melhores, os mais inteligentes, os mais honestos, mas os que
mostram qualidades para enganar o povo: escolhem os estelionatários.
Essa é a história do Brasil. A verdadeira história do
Brasil tem raízes no estelionato, na mentira, no ardil político. Essa trama é
feita para enganar o povo, que não vive da política, nem para a política, e
aceita numa boa a condição de móbil da democracia.
Sim. O povo é usado no papel principal da falsa
democracia, para beneficiar os políticos safados. Eles sabem que, sem o povo,
não haveria democracia. Então se valem do povo, para legitimar suas falcatruas.
É o povo que empresta legitimidade para a bandalheira dos políticos.
É por isso que os políticos não querem saber de
ditadura. Na ditadura eles não enriqueceriam, não teriam poder. Para eles, o
melhor mesmo é a democracia, porque conhecem o povinho idiota que sustenta o
regime.
Nesse quadro geral, não pode causar espécie a decisão
do STF, que começou a trazer para dentro do círculo viciado do Poder o julgamento
da corrupção brasileira. Tudo faz parte do esquema: na democracia a única coisa
que não conta é a vontade do povo.
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