quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O NÉRIO SABE DAS COISAS
 Minha avó materna, Vitalina Catalani Mondadori, jovem, com 21 anos, em São Giorgio di Mantova, interior de Mantova, era pobre, analfabeta, como todos os do norte italiano ( hoje uma das zonas mais desenvolvidas do mundo, que paradoxo - basta lembrar que a capital da Lombardia, Milão, é a capital da moda do mundo. Não é Paris. Tem o Milan, a Inter, os maiores salários do futebol do mundo e o inefável Silvio Berlusconi que adora mulheres e, hoje é dono da maior editora da Itália, todavia guardou o nome original - Editora Mondadori - meus parentes, sim...e daí?  )   - então - minha avó, nona Vitalina, que morreu, lá em casa, em Antonio Prado, na rua 7 de setembro, 150, em maio de 1953, eu já era taludinho, e me criei ao redor de seus vestidos longos  (" cottolle longue" em vêneto) - era "scápula" ( solteira) e proibida de emigrar, sabe como é o italiano, gosta de mulher, aquelas coisas do romanos. Os Catalani, a familia dela, não vieram. Então, ela rapidamente, com 21 anos, casou com o meu avô  - o nono Giacomo Mondadori - e dois meses depois, se mandaram para o Brasil, para o RGS."! far la América" em busca de " la cucagna" ( riqueza). De charrete desde onde moravam na terra do " signor" ( dono da terra) e eram "obligatti" ( servos da gleba), sem horário de trabalho, sem garantia de salário, sem leis trabalhistas ( O Benito Mussolin, El Ducce foi que arrumou a Itália, bem mais tarde, e editou a Carta del Lavoro, cuja C.L.T. nossa é uma cópia. 
Mas, minha avó, e estava falando de minha "nona Vitalina" cuja lembrança está aqui na minha cabeça, na minha frente e lembro sempre dela e rezo todos os dias, pela imigrante, por sua história e sua saga, teve 13 filhos. Progrediram em Antônio Prado com a grande loja de comércio. Faliram em outubro de 1929, no torvelinho econômico da Grande Depressão, queda da Bolsa de Valores de New York, hecatombe mundial.

 Ela desembarcou no Porto dos Guimarães, no Rio Caí, bem no centro de São Sebastião do Caí e era um domingo, e festa dos alemães ( já estavam aí fazia uns 50 anos ou mais) adiantados, progrediram e tinha festa do padroeiro, justamente, o São Sebastião e a festança era grande na Praça do Caí. Comeram cucas, beberam guaraná, gasosa, tomaram até cerveja e foram ajudados pelos alemães, pois daí até a colônia em Antônio Prado, o caminho era de a pé. Feliz, Baixa Feliz, Alta Feliz, Nova Milano, Farroupilha ( Nova Vicenza), Campo dos Bugres ( hoje Caxias do Sul) , Nova Trento ( hoje Flores da Cunha, rio das Antas, o caudaloso rio das Antas, obstáculo, onde o tropeiro esperto de Sorocaba, tinha feito um galpão para abrigar imigrantes, do lado de Nova Trento e construiu uma precária balsa de madeira, presa num cabo de aço, no alto das duas margens, do rio das Antas, e por isso se chamou ' Passo do Simão" - eis que seu nome, o do tropeiro de mulas de Sorocaba era Simão David de Oliveira, e daí, meus amigos, até Antônio Prado, subindo a serra, abriram picadas, no meio da mata, que estava cheia de feras e de indios  ( que o italiano chamou de " bugre") e se instalaram nas terras do " El Paese Novo" e na emancipação pelo Borges de Medeiros, em 11.2.1899, passou a se chamar Antônio Prado.
Nério "dei Mondadori" Letti

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