O NÉRIO SABE DAS COISAS
Minha avó materna, Vitalina Catalani
Mondadori, jovem, com 21 anos, em São Giorgio di Mantova, interior de Mantova,
era pobre, analfabeta, como todos os do norte italiano ( hoje uma das zonas
mais desenvolvidas do mundo, que paradoxo - basta lembrar que a capital da
Lombardia, Milão, é a capital da moda do mundo. Não é Paris. Tem o Milan, a
Inter, os maiores salários do futebol do mundo e o inefável Silvio Berlusconi
que adora mulheres e, hoje é dono da maior editora da Itália, todavia guardou o
nome original - Editora Mondadori - meus parentes, sim...e daí?
) - então - minha avó, nona Vitalina, que morreu, lá em casa, em
Antonio Prado, na rua 7 de setembro, 150, em maio de 1953, eu já era taludinho,
e me criei ao redor de seus vestidos longos (" cottolle longue"
em vêneto) - era "scápula" ( solteira) e proibida de emigrar, sabe
como é o italiano, gosta de mulher, aquelas coisas do romanos. Os Catalani, a
familia dela, não vieram. Então, ela rapidamente, com 21 anos, casou com o meu
avô - o nono Giacomo Mondadori - e dois meses depois, se mandaram para o
Brasil, para o RGS."! far la América" em busca de " la
cucagna" ( riqueza). De charrete desde onde moravam na terra do "
signor" ( dono da terra) e eram "obligatti" ( servos da gleba),
sem horário de trabalho, sem garantia de salário, sem leis trabalhistas ( O
Benito Mussolin, El Ducce foi que arrumou a Itália, bem mais tarde, e editou a
Carta del Lavoro, cuja C.L.T. nossa é uma cópia.
Mas, minha avó, e estava falando de minha
"nona Vitalina" cuja lembrança está aqui na minha cabeça, na minha
frente e lembro sempre dela e rezo todos os dias, pela imigrante, por sua
história e sua saga, teve 13 filhos. Progrediram em Antônio Prado com a grande
loja de comércio. Faliram em outubro de 1929, no torvelinho econômico da Grande
Depressão, queda da Bolsa de Valores de New York, hecatombe mundial.
Ela
desembarcou no Porto dos Guimarães, no Rio Caí, bem no centro de São Sebastião
do Caí e era um domingo, e festa dos alemães ( já estavam aí fazia uns 50 anos
ou mais) adiantados, progrediram e tinha festa do padroeiro, justamente, o São
Sebastião e a festança era grande na Praça do Caí. Comeram cucas, beberam
guaraná, gasosa, tomaram até cerveja e foram ajudados pelos alemães, pois daí
até a colônia em Antônio Prado, o caminho era de a pé. Feliz, Baixa Feliz, Alta
Feliz, Nova Milano, Farroupilha ( Nova Vicenza), Campo dos Bugres ( hoje Caxias
do Sul) , Nova Trento ( hoje Flores da Cunha, rio das Antas, o caudaloso rio
das Antas, obstáculo, onde o tropeiro esperto de Sorocaba, tinha feito um
galpão para abrigar imigrantes, do lado de Nova Trento e construiu uma precária
balsa de madeira, presa num cabo de aço, no alto das duas margens, do rio das
Antas, e por isso se chamou ' Passo do Simão" - eis que seu nome, o do
tropeiro de mulas de Sorocaba era Simão David de Oliveira, e daí, meus amigos,
até Antônio Prado, subindo a serra, abriram picadas, no meio da mata, que
estava cheia de feras e de indios ( que o italiano chamou de "
bugre") e se instalaram nas terras do " El Paese Novo" e na
emancipação pelo Borges de Medeiros, em 11.2.1899, passou a se chamar Antônio
Prado.
Nério "dei Mondadori" Letti
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