O PERFUME E O SORRISO DO GLÚTEO
G. Della Quercia
Bem ali, na calçada da Venâncio, logo abaixo do
Correio.
Ficou um perfume adocicado no ar. Nem
bom, nem ruim. Coisa comum. Não é daqueles que faz o nariz do homem espichar,
tentando respirar no cangote da dama.
O nariz não se alongou, mas os
olhos colaram no sorriso daquele glúteo que ia na cadência do "te levo, te
trago". Às vezes uma tropeçadinha, quase quebrando o salto ou, uma
ajeitada no vestido, tentando faze-lo descer. Mais parecia que ajeitava as
calcinhas, não o vestido!
E a mulher se achando! Nem
bonita, nem feia. Ruiva, de cabelos longos. O ruivo tá na moda, dizem. Vestido
curto e justo, pernas sem meias. Sorriso do glúteo quase à mostra. Esse corpo
tentava um equilíbrio circense em cima de um salto 15, acho. Vermelhos, os
sapatos
Na dança do rebolado, o vestido subia
e a paisagem mudava! O Vento Norte não tinha serventia, apenas o Vento Sul
gelado lhe esfriava as partes baixas
E eu ali, em frente à vitrina, com a
dona da loja e um homem elegante que discretamente olhou o quadro e tirou as
medidas.
Achei graça. A medida certa para uma
saia é, quando um homem segue a mulher com os olhos, despe-a com o pensamento e
diz para si mesmo: "porque ela não mostra mais um pouquinho"!
Falei isso com o ar bem sério. O
homem elegante riu: "Com essa, vou embora! Vocês estão entendendo muito de
homem "!
Retirou - se.
A ruiva continuou seu tranco,
na certeza do agrado! Te levo, te trago!
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