quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O PERFUME E O SORRISO DO GLÚTEO

G. Della Quercia

Bem ali, na calçada da Venâncio, logo abaixo do Correio. 
Ficou um perfume adocicado no ar. Nem bom, nem ruim. Coisa comum. Não é daqueles que faz o nariz do homem espichar, tentando respirar no cangote da dama. 

 O nariz não se alongou, mas os olhos colaram no sorriso daquele glúteo que ia na cadência do "te levo, te trago". Às vezes uma tropeçadinha, quase quebrando o salto ou, uma ajeitada no vestido, tentando faze-lo descer. Mais parecia que ajeitava as calcinhas, não o vestido! 

E a mulher se achando!  Nem bonita, nem feia. Ruiva, de cabelos longos. O ruivo tá na moda, dizem. Vestido curto e justo, pernas sem meias. Sorriso do glúteo quase à mostra. Esse corpo tentava um equilíbrio circense em cima de um salto 15, acho. Vermelhos, os sapatos 

Na dança do rebolado, o vestido subia e a paisagem mudava! O Vento Norte não tinha serventia, apenas o Vento Sul gelado lhe esfriava as partes baixas 

E eu ali, em frente à vitrina, com a dona da loja e um homem elegante que discretamente olhou o quadro e tirou as medidas. 

Achei graça. A medida certa para uma saia é, quando um homem segue a mulher com os olhos, despe-a com o pensamento e diz para si mesmo: "porque ela não mostra mais um pouquinho"! 

Falei isso com o ar bem sério. O homem elegante riu: "Com essa, vou embora! Vocês estão entendendo muito de homem "! 

Retirou - se. 
 

 A ruiva continuou seu tranco, na certeza do agrado! Te levo, te trago! 

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