segunda-feira, 7 de novembro de 2011

QUERO UMA IGREJA

João Eichbaum

Incomodado com o alto valor da indenização paga a uma família, que teve a casa desapropriada pela Prefeitura de Mogi das Cruzes, em São Paulo, Dadeus Grings, o rubicundo bispo de São João da Boa Vista, desencadeou uma campanha difamatória contra os advogados que haviam ingressado com a ação. Numa excelente mostra de que como “não se deve amar o próximo”, ele mandou cartas para clientes daqueles bacharéis, esculachando o trabalho deles.
Sentindo-se prejudicados, os advogados ingressaram em juízo. O antístite teve que botar o bundão episcopal no banco dos réus e foi condenado. Não foi para a cadeia porque a pena era de multa.
Com base na condenação criminal, os advogados então pediram indenização, através de ação cível e ganharam a causa mais uma vez. Agora, condenado, o bispo chama o Judiciário de corrupto e diz que não vai pagar.
Perdeu uma grande chance de ficar calado o pedante “servo de Deus”. Depois da briga com o Judiciário, seu verdadeiro perfil aparece na “internet” revelando a personalidade doentia desse religioso, que hoje é o “pastor de almas” da Arquidiocese de Porto Alegre, muito parecido com aquele Javé raivoso que destruiu Sodoma e Gomorra, mandou um dilúvio para arrasar todo mundo, permitiu a crucificação de seu próprio filho, etc:
"A diocese e seu bispo valeram-se de sua posição religiosa e social, mostraram-se presunçosamente acima da lei, constrangeram a Justiça e afrontaram a independência dos profissionais da Advocacia. A perseguição aos autores foi brutal, demoníaca: carta enviada à mma. juíza, publicações nos jornais com comentários desrespeitosos aos julgadores, cartas aos clientes dos advogados com críticas ferozes ao seu trabalho, manifestações dos padres (são 66 na diocese) durante as celebrações religiosas, distribuição de panfleto à saída das igrejas. E muito mais, num infindável arsenal de ofensas" – reza o acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Quer dizer: o bispo Dadeus Grings colocou a Igreja a serviço de sua realeza episcopal, mostrando que, ao contrário de Jesus Cristo, se tornou pastor “para ser servido, e não para servir”
Claro, ele não tem nada em seu nome. Tudo está no nome da diocese, quer dizer, pertence a Deus. Até as cuecas de sua excelência reverendíssima, que as freiras penduram no varal, depois de proferirem votos de castidade, pertencem a Deus.
Dadeus se esconde atrás da religião, adquire bens e os coloca no nome da Mitra, leva uma vida principesca, não paga imposto de renda, e pode calotear à vontade.
Quer dizer: para pagamento da indenização, já que o arcebispo, além de caloteiro é sonegador de impostos, serão penhorados os bens da diocese de São João da Boa Vista, em São Paulo. O palácio episcopal, os automóveis, as igrejas, tudo pode ser objeto de penhora.
To nessa, respeitável público! Se as igrejas forem a leilão, me candidato.
Quero ser outro Edir Macedo da vida. Quero enriquecer em nome de Deus. Vou pregar, vou rezar, vou fazer falsos milagres, aproveitando a ingenuidade do povo.
No dia do leilão das igrejas de São João da Boa Vista estarei lá: quero uma pra mim. Já vi que, com trabalho, não se consegue nada. Mentindo, a gente tem muito mais possibilidades de vencer na vida. E se à mentira juntar a corrupção dos políticos, bá, aí deu, vou figurar na Forbes, em seguidinha.

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