quarta-feira, 2 de novembro de 2011

UM ARCEBISPO QUE NÃO CONHECE O EVANGELHO

João Eichbaum

O Arcebispo Dadeus, que se diz “representante de Deus” em Porto Alegre, devia ter ficado na colônia, plantando batatas e, dessa forma, colaborando para o crescimento do PIB. Mas, ao invés de ter seguido a profissão para a qual foi talhado, resolveu ser padre. Ele pra bobo não serve: entre ter que pegar a enxada e ter tempo de sobra pra coçar o saco, preferiu a última hipótese.
Resultado: mesmo depois de ter estudado filosofia e teologia continuou grosso e tosco como tronco de angico. Com a diferença de que o tronco do angico não é ignorante, nem mal educado, e dentro dele não cabe a parvoíce do mencionado Arcebispo.
Nessa profissão clerical que abraçou, que não incrementa o PIB, porque nada produz, o arcebispo vive de espórtulas e, com elas, leva uma vida de príncipe, tem férias, mora num palácio, viaja para Roma, etc. Nada produz, mas tem dinheiro, porque o povo deposita suas moedinhas na caixa de coletas e paga para ser católico, inclusive para receber certos sacramentos, como o matrimônio, entre outras coisas. Sem falar no dízimo.
O patrão do Arcebispo, a quem ele e os demais cristãos chamam de Deus, não paga salário, nem férias, nem aviso prévio e muito menos o décimo terceiro. Quer dizer, a “Divina Providência” não providencia bosta nenhuma. Então o sustento e o luxo, a boa vida que o Arcebispo Dadeus leva, são patrocinados pelo povo que acredita nessa empresa chamada Igreja Católica, cujo produto é a salvação da alma.
Pois, apesar de ser sustentado por outros, sem trabalhar, sem pagar impostos, sem contribuir para a riqueza nacional, o arcebispo Dadeus se acha no direito de julgar todo mundo.
Anteontem, ele convocou uma entrevista, para desancar em cima do Judiciário, que qualificou de corrupto.
E sabem por quê? Porque foi condenado a pagar indenização por danos morais, em razão de ter aberto a boca para dizer asneiras contra três advogados.
Só tem um detalhe: a sentença, contra a qual o “representante de Deus” se rebela, foi proferida por desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. Os juízes do resto do Brasil nada têm a ver com isso. São inocentes. Eles não merecem a diatribe do furibundo pastor: “ou o Brasil muda o Judiciário, ou o Judiciário acaba corrompendo o Brasil”.
É claro que ninguém gosta de ser condenado, principalmente quando é obrigado a puxar o talão de cheques. Até admito que o Arcebispo poderia xingar os juízes que o condenaram, e sair vociferando coisas tipo, “filhos da puta, vou comer a mulher de vocês, seus cornos”.
Mas, ao agredir inocentes, e esquecido de que as taras sexuais de muitos padres e bispos não autorizam a acoimar a Igreja Católica de “tarada”, ele prova que não conhece o evangelho. “Amai-vos uns aos outros”. “Se alguém te bater na face esquerda, oferece-lhe também a direita.” Esses são os ensinamentos do Cristo, que o Arcebispo deveria divulgar. Mas, ao contrário, ele sai disparando contra todo o mundo, atinja a quem atingir, como se fosse um ser reluzente, dono do mundo e da verdade.
Se ele lesse o evangelho, saberia que o próprio Jesus Cristo, longe de atacar seus algozes, fez por eles a seguinte oração: “Pai, perdoai-os, porque não sabem o que fazem”.
Se eu fosse juiz, na próxima sentença imporia para o Arcebispo uma pena alternativa: ler todos os dias o Evangelho.

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