João Eichbaum
Poucos são os que se dão conta de que o
principal produto da imprensa é a desgraça. A desgraça ganha manchetes, câmeras
e mais câmeras, comentários, crônicas, editoriais. E em seguidinha faz a cabeça
do povo, ocupa o espaço de qualquer conversa, no trabalho, no cafezinho, no
restaurante, onde quer que haja duas pessoas, pelo menos.
O que a imprensa quer é o abalo da
opinião pública, sua comiseração ou sua revolta, enfim, qualquer coisa que mexa
com o povo, faça o povo comprar jornal, ir para os noticiários. Tudo isso se
transforma em dinheiro para os donos de jornais e televisões, porque os índices
indicam onde está a mina.
Como ultimamente há poucas desgraças, a
RBS procurou outro filão. E o encontrou: a miséria humana dos presídios. As
câmeras mostraram, os jornais descreveram: esgoto a céu aberto, celas imundas
cheias de gente, paredes sujas, sem reboco, umidade saindo de tudo quanto é
lado, promiscuidade, cozinhas sem um mínimo de higiene. Enfim, presídios do
tempo da pedra lascada.
Lançado o assunto em todas as rodas,
veio a OAB, veio o CREMERS, veio o CREA, todo mundo dando sua opinião, achando
aquilo uma barbaridade, um crime contra os direitos humanos, etc,
Pois agora, temos o seguinte, pela
frente: os presos que lá estão ou estiveram, amparados na Constituição Federal,
que assegura a prevalência dos direitos humanos e proíbe o tratamento desumano,
entre tantas outras pieguices, terão o direito de ingressar contra o Estado,
pedindo indenização por danos morais.
Vejam a que ponto chegamos. Eles, os
assassinos, estupradores, assaltantes, que tiveram seus “direitos humanos” violados,
têm da lei, o que os cidadãos honestos não têm: respeito aos direitos humanos.
Sem escola, sem educação, sem segurança,
sem saúde, que são requisitos mínimos para a configuração dos direitos humanos,
qualquer pessoa honesta que bater às portas da justiça, receberá a porta na
cara.
Mas, os bandidos, não. Ao lado deles estão a imprensa,
muitos políticos, seus colegas de profissão, a OAB, o CREMERS, o CREA. E a
justiça quer manchete, antes de mais nada.
Então o nos resta é pagar a conta da
mediocridade, da incompetência administrativa e da vaidade.
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