sexta-feira, 4 de maio de 2012

EXCELENTÍSSIMOS SENHORES BANDIDOS




João Eichbaum

Poucos são os que se dão conta de que o principal produto da imprensa é a desgraça. A desgraça ganha manchetes, câmeras e mais câmeras, comentários, crônicas, editoriais. E em seguidinha faz a cabeça do povo, ocupa o espaço de qualquer conversa, no trabalho, no cafezinho, no restaurante, onde quer que haja duas pessoas, pelo menos.
O que a imprensa quer é o abalo da opinião pública, sua comiseração ou sua revolta, enfim, qualquer coisa que mexa com o povo, faça o povo comprar jornal, ir para os noticiários. Tudo isso se transforma em dinheiro para os donos de jornais e televisões, porque os índices indicam onde está a mina.
Como ultimamente há poucas desgraças, a RBS procurou outro filão. E o encontrou: a miséria humana dos presídios. As câmeras mostraram, os jornais descreveram: esgoto a céu aberto, celas imundas cheias de gente, paredes sujas, sem reboco, umidade saindo de tudo quanto é lado, promiscuidade, cozinhas sem um mínimo de higiene. Enfim, presídios do tempo da pedra lascada.
Lançado o assunto em todas as rodas, veio a OAB, veio o CREMERS, veio o CREA, todo mundo dando sua opinião, achando aquilo uma barbaridade, um crime contra os direitos humanos, etc,
Pois agora, temos o seguinte, pela frente: os presos que lá estão ou estiveram, amparados na Constituição Federal, que assegura a prevalência dos direitos humanos e proíbe o tratamento desumano, entre tantas outras pieguices, terão o direito de ingressar contra o Estado, pedindo indenização por danos morais.
Vejam a que ponto chegamos. Eles, os assassinos, estupradores, assaltantes, que tiveram seus “direitos humanos” violados, têm da lei, o que os cidadãos honestos não têm: respeito aos direitos humanos.
Sem escola, sem educação, sem segurança, sem saúde, que são requisitos mínimos para a configuração dos direitos humanos, qualquer pessoa honesta que bater às portas da justiça, receberá a porta na cara.
Mas, os bandidos, não. Ao lado deles estão a imprensa, muitos políticos, seus colegas de profissão, a OAB, o CREMERS, o CREA. E a justiça quer manchete, antes de mais nada.
Então o nos resta é pagar a conta da mediocridade, da incompetência administrativa e da vaidade.


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