João Eichbaum
Outro dia comentei a “via crucis” de uma pessoa
humilde que necessita tomar dois ônibus, além do trem, para chegar ao trabalho
e, depois, no caminho de volta para casa, a mesma coisa.
Isso é comum nos grandes centros urbanos e, pior ainda,
nas regiões metropolitanas.
As pessoas saem de madrugada
de casa, voltam tarde da noite. Algumas nem conseguem falar com os filhos,
porque esses ainda dormem, quando os pais saem, e já dormem, quando os pais
voltam.
Donde se conclui que o
transporte coletivo é indispensável, faz parte das necessidades básicas do
trabalhador suburbano. Por consequência influi diretamente na sobrevivência deles.
Sabendo disso, os
funcionários (chamo de funcionários, porque não merecem o nome de
trabalhadores, não sabem o que é viver com um salário mínimo, não sabem o que é
viver na periferia) os funcionários das empresas de trens suburbanos e ferroviários,
muito bem remunerados, abusam da dependência que a grande maioria da população
tem dos trens e metrôs, e estão se lixando para o povo.
Agora, em várias capitais,
eles fazem greve, porque querem aumento e, mais do que aumento, 50% de
adicional noturno.
Com o que ganham (é só olhar
nos estacionamentos dos trens os carrões deles) qualquer aumento, por mínimo
que seja, representa muito. Mas sempre querem mais. Para isso, pouco se lhes dá
a situação de milhares e milhares de pessoas, que têm necessidade de trabalhar,
que não podem perder seu emprego e que não podem viver sem o transporte
público. O que importa, em primeiro lugar, para eles, é o seu “status”. Suas
greves não são imperiosas porque não lutam pela sobrevivência. Não se trata de
necessidade. A reivindicação deles se limita a manter sua boa vida, num emprego
em que só tiram a bunda da cadeira para fumar um cigarrinho lá fora, ou tomar
um cafezinho.
O desconforto e mesmo o
desespero das pessoas que dependem dos trens suburbanos não comove a quem quer
que seja. Só serve para manchetes de jornal e chamada de noticiário na
televisão.
Esse quadro era o que
existia, antes da revolução de 1964. Eram os sindicatos que mandavam e o
governo fazia o que eles queriam. Deu no que deu.
Agora, tendo tomado o poder
aqueles mesmos sindicalistas que levaram o país a viver sob uma ditadura, tudo
volta a ser como antes. Eles encheram os bolsos com as indenizações que se
auto-concederam e, com isso, todo o idealismo se transformou em ambição de
riqueza e poder.
Os verdadeiros trabalhadores
se ralam. Mas a Dilma e a sua turma, que foi presa, matou, roubou, seqüestrou,
fugiu, voltou para cá e encheu os bolsos está por cima, com o aplauso de
oitenta por cento de idiotas.
Esse é o verdadeiro retrato
do “governo dos trabalhadores”.
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