João Eichbaum
Ana Amélia Lemos, loira de
farmácia, era jornalista. Casou com um político, foi para Brasília e, de lá,
escrevia uma coluna para o jornal Zero Hora, contando fofocas, dando palpites,
exaltando algumas figurinhas. Sua coluna revelava que ela tinha convivência com
o sistema político de Brasília e não era barrada nos bailes de lá, quaisquer
que fossem os partidos.
Foram muitos anos de escrita
moderada, comentários que não mereciam censura.
De tanto conviver com
políticos, achou que era a sua hora. Candidatou-se a senadora, abiscoitando a
vaga que estava na mira de um político profissional. Foi eleita pelos leitores
da Zero Hora, pelos telespectadores da RBS e por uma multidão dos que, embora
não leiam Zero Hora, nem assistam TV, ainda não mataram a esperança de ter um
político honesto, sincero, fiel a seus ideais. Um político que não seja
político.
A senhora Ana Amélia foi
eleita, e mal foi eleita já botou as manguinhas de fora: mostrou ambições
políticas, caiu na vala comum daqueles que são eleitos para tirarem o maior
proveito pessoal, seja de que natureza for. Descobriu o caminho mais fácil para
subir na vida, a política.
Lá em Brasília é amiguinha
de todo mundo, faz qualquer negócio, diz amén para tudo. Nunca representou, lá
no Congresso, o povo cansado de políticos, o povo desiludido, o povo que quer
vergonha na cara dos políticos, o povo que exige honestidade, o povo que paga
pela segurança, pela saúde, pelo transporte e pela educação que nunca recebe, o povo que a elegeu, enfim.
Não. A dona Ana Amélia,
desde que foi eleita, só está apostando numa ficha: a sua carreira política.
E agora, para culminar, está
fazendo corar até os mais desavergonhados políticos, querendo impor uma união
espúria com o comunismo. Eleita pelo partido que, ideologicamente, poderia ser
considerado um dos menos esquerdistas, botou a ideologia no lixo, para ser
governadora do Estado: quer casamento com a Manuela D´Ávila, uma menina que
nunca fez nada na vida a não ser obaoba político, brincando de comunista.
É por isso que o Brasil está
entregue à roubalheira. Porque na política deste país não há lugar para pessoas
verdadeiramente honestas. E daqui para frente ninguém terá coragem de cantar
“Amélia que era mulher de verdade”.
Um comentário:
Concordo apenas em cem por cento com esse artigo porque matematicamente não é possível concordar em mais do que aquilo que está expresso ou implícito. Eichbaum deu expressão ao que eu vinha sentindo e pensando neste assunto, sem encontrar a forma de dizê-lo. Está aí. Pena pelas esperanças perdidas, dona Amélia.
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