segunda-feira, 21 de maio de 2012

PRECES




João Eichbaum

Nesse último fim de semana, algumas desgraças invadiram as manchetes na Itália. Um bomba explodiu num colégio, matando uma criança e ferindo outras sete, e um terremoto matou sete pessoas, destruiu  casas e igrejas antigas, deixando “pedaços de anjos” no meio dos escombros, como diz a notícia de jornal.
O Papa Bento XVI apareceu na janela dos aposentos pontifícios, como todos os domingos, e pediu preces para as vítimas.
Que magnanimidade, né?
Preces para as vítimas.
Então, façamos de conta de que existe um deus, que tem o apelido de Deus, que foi inventado pelos judeus e adotado pelos cristãos. Esse deus é quem patrocina a boa vida que o Bento XVI e a sua turma leva.
Aí acontece aquela bomba na escola e o terremoto lá na Itália.
Ele, o deus esse, tem a ver alguma coisa com isso?
Pela doutrina religiosa que o tem como criador e administrador do mundo, sim.
Primeira pergunta: ele administra, realmente, o mundo? Ele cuida dos inocentes, das criancinhas?
Segunda pergunta: ele domina a natureza, toma cuidados para que os sismógrafos denunciem os terremotos assassinos?
Terceira pergunta: ou ele não está nem aí, e permite que todo mundo se phoda?
Para quem acredita que ele existe, as respostas são difíceis. Mas não o são para quem tem certeza de que ele não passa de fantasia, criação de quem não tem nada para fazer, mas que quer lucrar com isso, levando uma boa vida, que não exija trabalho.
Admitamos que ele existisse.
Então, por descuido, ou de propósito deixou morrer inocentes.
Precisa de “preces”? Se ele viu que errou, vai necessitar de”preces” para corrigir o seu erro? Vai devolver a vida dos inocentes? Vai transformar em alegria a dor dos que ficaram sem seus entes queridos?
Será que ele não tem um pingo de responsabilidade, uma consciência que o acuse de não ter prestado atenção no mundo?
E se ele não errou ? Se precisava de sangue, uma coisa de que ele sempre fez questão, a ponto de deixar que matassem o filho dele? Vão adiantar de alguma coisas as “preces”?
Por favor, contem outra história, inventem qualquer coisa, ou me expliquem para que serviriam, nesse triste caso, as “preces”recomendadas pelo Bento XVI.


Nenhum comentário: