quinta-feira, 17 de maio de 2012

RECADO PARA OS CAFETÕES DA DEMOCRACIA


João Eichbaum

A maioria do povo brasileiro não confia no Congresso Nacional, na polícia e na Justiça, mas confia nas Forças Armadas.
Em pesquisa realizada de janeiro a março do corrente ano, com pergunta sobre a confiabilidade dos políticos, o índice foi de 20,6% para o Congresso, 34, 9 % para a polícia e 39,7% para o Judiciário.
O percentual de confiança no Ministério Público é bem maior do que a depositada nas instituições acima mencionadas: 48%.
Esse índice de confiança no Ministério Público, todavia, se deve a um único fator: a publicidade indireta e involuntária que sobre ele faz a imprensa. Acontece o seguinte: o povo lê as manchetes, onde se diz que o Ministério Público está investigando isso, investigando aquilo, denunciando este, denunciando aquele, e fica com aquela boa impressão de que a vida vai melhorar.
Mas, o povo não conhece o Ministério Público. Raríssimas são as pessoas que procuram essa tão noticiada Instituição. O questionário não pergunta se os entrevistados, alguma vez na vida, entraram em algum dos suntuosos e luxuosos prédios do Ministério Público.
O que o povo não sabe é que o Ministério Público não tem força alguma para conseguir, por ele mesmo, algum bem em favor da comunidade. Ele não decide. Só engana, com uma coisa chamada “termo de ajustamento de conduta”, que nada vale, e só serve para enganar mesmo.
Se o Ministério Público quiser alguma coisa, ele terá que pedir à Justiça. Mas, de que adianta, se a Justiça não é confiável para a maioria dos brasileiros?
O povo não conhece o Ministério Público. Não sabe que o Ministério Público é só blábláblá e nada mais e que, antes de mais nada, vai para a imprensa. Depois... depois pode ser que dê resultado – e o mais das vezes não dá em nada. O importante é que a sua boa imagem esteja nas páginas dos jornais e nas telas da televisão. Mas o resultado de seus insucessos ele não leva para a imprensa.
Então, a imagem que o povo tem do Ministério Público é enganosa, os 48% que confiam nele não o conhecem. Ainda bem que 52% conhece bem a Instituição.
Em suma: nem deputados, nem senadores, nem polícia, nem Justiça, nem Ministério Público fazem por conquistar a confiança da maioria da população. E isso, por uma razão muito simples: o povo não tem segurança, saúde, educação, e não adianta se queixar, só tem obrigações a cumprir, é escorchado com multas, taxas e impostos, mas nada recebe em troca.
Não fosse o índice de confiança de 60% nas Forças Armadas, (os outros 40% correspondem aos que aproveitam a prostituição de seus cargos) nada mais restaria neste país.
O recado está dado.

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