segunda-feira, 22 de outubro de 2012


A CARMINHA

João Eichbaum

Não. A Carmen Lúcia, a Carminha, como é conhecida pelos mais íntimos, não é aquela capaz de nos proporcionar a verdadeira ventura de ser homem.
Não é linda, cativante, espontânea, estonteante. Não faz ninguém babar. Não tem um corpo perfeito, talhado para os braços de qualquer um, não é de atrair machos, de lançar engodos, de fazer ninguém se apaixonar, de contaminar com doenças venéreas, nem de extorquir grana de velhos.
Ela não leva jeito de quem desperta desejos, de quem estimula fantasias juvenis, de quem mexe com a cabeça de machos, de quem faça alguém pensar nela debaixo do edredom. Acho que ninguém tem coragem de imaginá-la só de calcinha, mostrando os peitos que ela traz escondidos, o bundão branco, meio flácido, cheio de estrias, que mais parece um mapa de rios do Brasil do que uma bunda - diga-se de passagem.
Ela pode mexer com a fantasia dos machos que usam terno e gravata, andam com uma pasta de executivo, ganham muito dinheiro, e muitas vezes querem fudê-la, (já viram esse verbo com ênclise?) mas só de raiva, putos da vida.
Ela nunca esteve num lixão. Jamais catou lixo. Conheceu alguns cafajestes, é claro. E se aproveitou desses cafajestes. Tanto que é graças a eles  que ela está hoje onde está.
Ah, e tem mais: ela nunca matou ninguém, nunca foi delinquente. Tem até cara de mordomo assassino, mas assassina não é.
Para falar a verdade, ela não é nada sexy, não tem charme, tem um olhar de peixe morto, é uma versão aguada de mulher, desprovida de testosterona. Tem mais intelecto do que instinto, mais razão do que tesão. Quer dizer, mais teses do que tesão.
Eu não diria que a Carminha é horrível, que é uma bruxa, esteticamente falando. Mas é muito sem sal. Pior de engolir do que peixe mal passado. Falta tempero nela para ser uma mulher de verdade, dessas que fazem a cabeça dos machos, dessas que nem necessitam estimular a glande para uma performance exemplar. Pode não ter custo, mas não tem benefício também.
Assim de frente, olho no olho, não rola. Só com Viagra, ou com um travesseiro na cara. Porque ela tem uma cara desinteressante, de morta, mais parece múmia refeita. Ela sempre aparece como se recém tivesse saído  do túmulo, com o cabelo cheio de laquê. Tem uma voz rouca de travesti, talvez nunca tenha aprendido a grunhir de prazer. Porque, cá pra nós, duvido que nesse imenso Brasil algum macho tivesse a coragem de cair de boca para degustar...
Não, não, peraí. Se vocês pensam que estou falando da Carmen Lúcia da novela, negativo. Não posso falar de quem não conheço, não vejo novelas.
A única Carmen Lúcia que vi na televisão foi a do Supremo Tribunal Federal, que o Mendes chama de Carminha, e cuja rival não é a Nina, mas a Rosa Weber, aquela com carinha de virgem reconstituída.




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