PAULO
BROSSARD E O “MENSALÃO”
João
Eichbaum
Finalmente
o Paulo Brossard falou sobre o “mensalão”. Ele estava na moita, parecia que não
queria saber do assunto. Mas agora falou. Fê-lo na sua coluna de segunda feira
da Zero Hora.
Mas,
o fez, pisando em ovos, na condição de jurista, advogado e ex-ministro do
Supremo Tribunal Federal. Todavia, sem poupar adjetivos, agiu como um elefante
em vidraçaria, quando deu liberdade à sua ideologia política.
Não
disse uma palavra sequer sobre a condenação do José Dirceu, do ponto de vista
jurídico. Nem tocou na “teoria do domínio do fato” que, presumivelmente, não
conhece. Não comentou a falta de compostura de Joaquim Barbosa, a falta de
isenção de Dias Toffoli, os discursos exibicionistas do Celso de Mello, nem a
insegurança de Rosa Weber na ciência penal. Mas não deixou de festejar, subreptíciamente
a conclusão condenatória.
Fez
questão de ressaltar o sentido “histórico” do julgamento, apontando todas as
características que lhe emprestam lugar de destaque nos anais daquela corte.
Como
advogado que é, de reconhecida capacidade, poderia ter sido contratado por
algum ou alguns dos réus, vários deles donos de um “status” financeiro à altura
dos honorários advocatícios que ele, Brossard, costuma cobrar.
Não
se sabe se ele não foi lembrado, se exagerou no preço ou se simplesmente não
quis comprometer suas ideias políticas e seu vínculo com Fernando Henrique
Cardoso, defendendo políticos umbilicalmente ligados a Lula e Dilma, pelos
quais não esconde sua antipatia.
Sorte
dele. Se tivesse aceitado e atuado no processo como defensor, certamente não estaria
se pronunciando da maneira como se pronunciou, aplaudindo as decisões com o
mesmo entusiasmo do povo, que não conhece o Direito.
No
fundo, é o espírito de corpo que o domina: ainda se sente “ministro” do STF e
não quer atrair para si a antipatia de seus pares.
Ele
só vai se dar conta do preço dessa solidariedade com os absurdos cometidos no
julgamento do “mensalão”, no dia em que tiver algum cliente condenado pela
“teoria do domínio do fato”.
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