A
COMÉDIA DO MENSALÃO: 33º ATO
João
Eichbaum
Há
dois ministros do Supremo Tribunal Federal que não conseguem esconder o seu
malestar: Lewandowski e Dias Toffoli. Parece que a opinião pública e a imprensa
estão passando por cima deles como um rolo compressor.
O
Lewandowsi protagonizou o inusitado: pedindo desculpas, ocupou a tribuna para
mostrar a conclusão de uma perícia, que, no seu entender, estaria comprovando a
inocência de José Genoino. Até atribuiu ao tamanho do processo a ausência de
alusão a esse documento, durante o seu voto.
O
Dias Toffoli, se limitou a ler, com uma dicção prejudicada pela pressa, alguns
depoimentos que, na sua opinião, comprovariam o envolvimento de todos os réus
do chamado “núcleo político”, menos o Zé Dirceu.
Com
relação a esse, deixou de ler o voto e fez uma verdadeira sustentação oral.
Disse que não havia provas, quer materiais, quer circunstanciais da prática de
crime de corrupção ativa imputado a José Dirceu. Mas, foi mais longe: viu, no
desenrolar dos fatos, outros crimes que lhe poderiam ser debitados, como
corrupção passiva, tráfico de influência e advocacia administrativa.
Seu
raciocínio não deixou de ser lógico. Afinal, em se comprovando nos autos que José
Dirceu se limitou a captar benefícios do Banco Central em favor do Banco Rural
e a estimular gestões do Marcos Valério junto à Portugal Telecom e ao Banco
Espírito Santo, porque estava de olho em
vantagens financeiras para o PT, a corrupção ativa, que lhe é atribuída, perde
a cor e o jeito, não passa de mera e gratuita ilação. Mas no lugar dela se desenham
outros crimes, pelos quais não foi denunciado.
Só
que Dias Toffoli cometeu um erro primário. Ao absolver o Zé Dirceu, mostrou
para todo mundo que não conhece os artigos 383 e 384 do Código de Processo
Penal.
A
Carmen Lúcia não se dignou mencionar sequer uma folha dos autos. Com aquele
olhar opaco e jeito de múmia falante, deu uns safanões morais no advogado que
admitiu a existência de “Caixa 2” e, para condenar o Zé Dirceu, fez um
discursinho teórico, tipo nada a ver.
O
Mendes, dessa vez, foi didático, juntando as peças do processo para fazer com
elas a tábua da condenação.
Marco
Aurélio Melo é um ator. Ator e carioca, bom de papo e malandro. Sabe enrolar, e
enrola com graça. Seu vocabulário, tratado com uma elegância coloquial, bota o
blablabá dos teóricos no bolso e tira da pasmaceira o STF. Sem cansar a
plateia, condenou até a Geisa Dias.
Resumindo,
gente: deu pro Zé Dirceu.
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