ACIMA
DO BEM E DO MAL
João
Eichbaum
O
Mauro Caun Gonçalves, juiz de direito de Porto Alegre, é um cidadão acima do
bem e do mal.
Ele
tem o poder nas mãos e decide, em primeiro lugar, o que é melhor para ele. O
que é o melhor para a sociedade não interessa. O que conta é o pensamento dele.
Outro dia uma médica foi levar seus cachorrinhos num “pet shop” e, ao descer
do carro, foi travada por dois assaltantes, que gostaram do automóvel dela. Ela
quis pegar os cachorrinhos, tentando impedir que os assaltantes os levassem.
Mas, os assaltantes, com pressa, impediram-na de salvar os cães e a balearam.
Acionada, a Brigada Militar chegou em tempo, saiu em perseguição dos bandidos,
e os prendeu.
Os
brigadianos ficaram horas e horas na Delegacia de Polícia, aguardando a
lavratura do flagrante, pois tinham que depor como condutores, ou testemunhas.
O
flagrante foi lavrado e remetido ao juiz.
O
juiz que, naquela hora, de certo, enquanto os brigadianos
aguardavam a lavratura do flagrante, estava dando uma rapidinha ou
distraindo uma estagiária, ao receber a peça da polícia, noticiando uma
tentativa de roubo, mostrou a mais olímpica indiferença: mandou soltar os
bandidos.
A
imprensa fez manchetes e a população se revoltou, o juiz foi xingado nas redes
sociais, o Tribunal veio dando explicações, mas não aplacou a revolta popular.
Agora
veio também o juiz se explicar e se deu mal. Disse que não decretou a prisão
preventiva porque o Ministério Público não a pediu. Apesar da idade e do tempo
de serviço – ele já não é criança, tem 50 anos de idade – mostrou que não está
maduro, nem preparado para exercer o cargo. Argumentou com o art. 311 do Código
de Processo Penal, exatamente o artigo que lhe confere o poder de decretar a
prisão preventiva de ofício. Aliás, nem era caso de prisão preventiva, mas de
flagrante mesmo.
Cobrado
pela reportagem, o imaturo magistrado deu de ombros, dizendo, em outras
palavras, que está se lixando para a sociedade: “não é possível decretar prisão
pelo clamor público”.
Assim,
mais uma vez deu mostras de que não sabe sequer raciocinar, porque o “clamor público”
se irrompeu em consequência de seu ato irresponsável e não foi causa dele.
Agora a vítima está presa na UTI, mas os bandidos estão soltos.
Um comentário:
O magistrado, nem tão jovem assim, mas ainda imaturo, não se sensibilizou com a situação apresentada. A crônica é candente, entende-se o clamor e a revolta dos cidadãos, no quadro de insegurança reinante. Gostaria de remeter a crônica ao juiz, mas "deixa p'ra lá".
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