terça-feira, 19 de março de 2013


PAPO FURADO DE POLÍTICO DE TERCEIRO MUNDO
João Eichbaum

Ninguém me disse. Eu vi e ouvi com estes sentidos que estão em pleno funcionamento, sem óculos e sem aparelho de surdez.
A Dilma, que ontem passou a tarde passeando em Roma  por nossa  conta, disse para quem quis ouvir – e estava cheio de puxassacos em roda dela – que queria falar com o papa Francisco sobre a fome.
Falar sobre a fome, tudo bem. Ela podia dizer pra ele que estava com fome, para ver se ele a convidaria para almoçar, como convidou a Cristina Kirscher, aquela viúva faceira que se produziu e parecia uma mocinha, falando om o papa.
Mas, não. Acho que a Dilma tem consciência de sua aparência pessoal e sabe que não tem produção que resolva. Então não era por aí. Ela queria falar com o papa sobre a fome dos outros. Ela mesma deu a entender isso. E para tanto, se preparou muito bem: se hospedou no mais luxuoso hotel de Roma, ao invés de pegar um quartinho nos fundos da embaixada brasileira.
Muito bem. Muita gente fala sobre a fome no mundo. Tá cheio de demagogos por aí, falando isso. A começar pelo o Lula, que fala sobre esse assunto de barriga cheia, e bota barriga nisso. A Rose que o diga.
Mas, a Dilma foi mais além. Ela disse, alto e bom som, que o Brasil – sim esse país dos corruptos mesmo, vocês não estão enganados. Ela disse que o Brasil – caiam duro meus amigos – tem a tecnologia contra a fome. Sim, tecnologia contra a fome.
Vocês já imaginaram?  Tecnologia contra a fome.
Se havia algum estrangeiro entre os jornalistas para quem ela deitava aquela fala enrolada, o cara deve ter ficado de boca aberto: “ o quê, tecnologia , “know how”, para combater a fome?”]
Aí, a Dilma já foi abrindo o jogo: sim, tecnologia para combater a fome, mantendo todas as famílias com renda mínima.
Manjaram?
 Pois é. Esmola agora mudou de nome. É tecnologia. E essa tecnologia tem nome específico: “bolsa-família”. Essa é a tecnologia do terceiro mundo: tiram de quem trabalha, para pagar o trago de quem não trabalha.
E ela não ficou nem vermelha, ao chamar o “bolsa-família” de “tecnologia”.
Rubor no rosto da Dilma?
Num país de corruptos, a vergonha se decompõe, o compromisso com a honestidade se transforma em indiferença, e o orgulho, na hora de dizer asneiras, desaparece.
  Quem governa um país de corruptos nem com pó de carmim consegue se ruborizar. E certamente ela nem se ruborizou também quando o papa, no sermão, falou para todos os políticos ouvirem: “ il vero potere è il servizio”, (o verdadeiro poder é o serviço) e não o aproveitamento das mordomias com o dinheiro do povo.


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