UM “CUERVO” NO VATICANO
João
Eichbaum
Bom. Se não
foi o Espírito Santo, que devia estar dividido entre o Odilo Scherer e o Angelo
Scola, foi o padre Lorenzo Massa que, como fundador do San Lorenzo de Almagro, lá
do céu viu em Jorge Mario Bergoglio o líder que faltava, entre “los cuervos”
(assim se denominam os torcedores do San Lorenzo) para levar o nome do clube às
primeiras páginas de todos os jornais do mundo.
Nunca, em
toda a sua história, o San Lorenzo de Almagro foi tão citado por milhões de
bocas e milhares de páginas de jornais.
No dia
primeiro de abril (olhem que dia!) de 1908, no Oratorio San Antonio, situado na
rua México, número 4.050, no bairro de Almagro, nasceu o clube argentino. O piedoso padre
Lorenzo Massa, tão piedoso e tão aficcionado de futebol como Jorge Mario
Bertoglio o seria algumas décadas depois, vendo a gurizada fazer suas peladas
na rua teve a idéia: construiu um campinho de futebol no pátio do Oratório e
convidou os meninos a jogarem lá. Só tinha uma condição: eles teriam que
assistir à missa dominical.
Claro que
a gurizada topou. Por um joguinho de bola, naquele tempo, se fazia qualquer
coisa. Ainda mais com a perspectiva de ganhar, além do campeonato, o céu.
Assim
nasceu o clube, que recebeu primeiramente um nome não muito convincente,
“Forzosos de Almagro”, logo substituído por “San Lorenzo de Almagro”, em
homenagem ao padre Lorenzo. Apenas oito anos depois de sua fundação, o San
Lorenzo já tinha o próprio estádio, conhecido popularmente como “El Gasómetro”.
Pois foi
isso. Depois de aplicar um “primeiro de abril” nos cardeais Odilo Scherer e
Angelo Scola, por conta das apostas que os colocavam como favoritos, o padre
Lorenzo apontou o dedo para a cabeça do novo papa: Jorge Mario Bergoglio.
Religião
e futebol sempre se deram bem. As persignações e os braços levantados em oração
hoje se tornaram quase um rito do futebol. E no passado, partindo do futebol
como exigência de disciplina, os irmãos Maristas, por exemplo, entregaram ao
mundo futebolístico muitos craques por eles formados.
Pegando
carona na simpatia, na simplicidade e, certamente, no carisma de que será
dotado o papa Francisco, o San Lorenzo
de Almagro tem tudo para construir um “marketing”: qual é o craque que não
gostaria de jogar no time do papa?
Um comentário:
Henrique de Navarra, para se tornar rei da França, teria dito que se tornaria católico: Paris vale uma missa. E aqueles meninos, sem conhecer a história, também acharam que o futebol valia uma missa. Uma crônica saborosa e bem informada.
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