terça-feira, 12 de março de 2013


SERÁ QUE O ESPÍRITO SANTO VAI NESSA?

João Eichbaum

Em toda a história da humanidade, a administração da Igreja jamais serviu como exemplo, porque nunca atingiu a perfeição. Desde os primórdios havia dissensões, pontos de vista antagônicos, falta de unidade.
Querem ver? O primeiro grande problema foi o  “circumcisão” dos cristãos. Como todo mundo sabe, os primeiros cristãos eram judeus, estavam ligados aos ritos religiosos do judaísmo. Mas, os cristãos fundamentalistas sustentavam que o cristianismo era uma nova religião, um novo modo de vida, e propugnavam pela supressão dos ritos judaicos, com exceção de alguns preceitos como o de não fornicar, não comer carne de animal sufocado, etc.
Mas, foi um arranca-rabo daqueles, que acabou na ruptura entre judeus e cristãos. Ou seja, os filhos do mesmo deus deixaram de ser irmãos. Assim começou a Igreja.
Depois, à medida que foi crescendo, a doutrina cristã passou a atrair adesões e olhares  cobiçosos. Afinal, os homens sempre gostaram do poder, uns mais do que os outros. E a disputa de poder, que sempre existiu, em qualquer lugar onde esteja o animal humano, não podia ficar de fora dos muros da Igreja.
E quem tem ambição de poder põe na conta dessa ambição todos os meios de conquistar seus objetivos, mesmo que sejam vícios ou defeitos rejeitados pela moral do momento.
Pois foi exatamente a ambição de poder que colocou a Igreja na posição em que ela está até hoje. Havendo o cristianismo minado o império romano pagão, ascenderam os primeiros imperadores cristãos que, com doações e cedências enriqueceram o patrimônio da Igreja. Além disso, lhe proporcionaram o domínio temporal  dos chamados Estados Pontifícios que, iniciado com a falsificação de um documento pelo papa Estêvão II, durou nada menos de onze séculos, de 756 a 1870.
Houve papas que recorreram às armas para a manutenção do território sob seu domínio, que acabou encolhendo, com a declaração da República Italiana e, mais tarde, com o Reino de Itália. Só em 1929 o papa Pio XI e Benito Mussolini firmaram o Tratado de Latrão, ficando a Igreja circunscrita ao território do Vaticano, oficialmente reconhecido como Estado.
Nepotismo, mancebia, assassinatos, batalhas e orgias fizeram parte do domínio papal ao longo do seu curso, sem falar em outros desmandos, como o tribunal mais despótico da história da humanidade, a “santa” Inquisição. Jesus Cristo não leria, sem rubor, a história de sua Igreja, feita de ouro, lama e segredos inconfessáveis.
Atualmente, comparados com os do passado, os escândalos são de menor calibre: variações sexuais nada ortodoxas, ativação do Banco Vaticano como lavanderia pecuniária, por exemplo.
Às vésperas da escalação do novo embaixador do reino celeste na terra, o Vaticano, os cardeais e a Cúria Romana ocupam páginas e páginas de jornais e revistas, muito espaço nos noticiários de televisão e nas redes sociais.
O conclave eleitoral é, hoje, quase uma preocupação dominante Como se nas mãos do papa estivesse o destino do mundo. A missa “pro eligendo pontifice”, palco de um novo cenáculo para o Espírito Santo, ocupou telas de televisão no mundo inteiro. Milhões e milhões de pessoas estarão com a atenção voltada para a chaminé da Capela Sistina. Beatas estarão de rosário na mão e lágrimas nos olhos, à espera do novo papa.
Será que o Espírito Santo dessa vez vai mostrar serviço? Ou deixará tudo assim mesmo, com a Igreja entregue às fraquezas do animal humano, como sempre esteve, ao longo de sua história?

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