QUE INFLUÊNCIA TEM O PAPA NA SUA VIDA?
João
Eichbaum
Começo,
escrevendo para você, que é um profissional, que tem seu escritório, sua
empresa, seus subordinados, ou que, simplesmente, tem que prestar contas para
seu patrão.
Seus
negócios até têm a ver alguma coisa com a Igreja. Você é marcineiro, por
exemplo. De vez em quando é chamado para consertar alguma coisa na igreja
matriz: o pé de um santo, a balaustrada, o nicho que está sendo comido pelos
cupins.
Ou,
eletricista. Deu um “curto” na catedral,
e lá está você, de alicate em punho, fuçando nos fios.
Ou você tem
vacas, que produzem leite, você vive disso, o papa não sabe que você existe, o
bispo não toma leite, e aí, o que é que você tem a ver com a Igreja? Você só vende o leite, e deu.
Você não
tem nada o que fazer na vida. É aposentado, tem o seu dinheiro garantido no fim
do mês, mas gasta muito em remédios, e assim vai vivendo. Quer dizer, você vai
levando a vida, sem que a Igreja venha perguntar se você está precisando de
alguma coisa.
Você é
funcionário público, também tem seu
dinheirinho seguro no fim do mês. Mesmo
assim faz greve e não adianta de nada: o governo mata você no cansaço. E você
nunca se lembrou de se queixar pro bispo. Quem sabe, nesse caso, ele levaria
seu problema ao papa?
Você peca
por pensamentos, palavras e obras e, depois disso, arrependido, como medo do
inferno, até mais por medo do inferno do que arrependido, você corre até o
confessionário mais próximo e bota para fora seus pecados, aquelas coisas
gostosas, mas proibidas. Só que o padre que ouve seus pecados é exatamente um
daqueles que gostam de ouvir essas coisas, é um padre pedófilo. Mas ele absolve
você, lhe entrega as chaves do céu. E daí eu lhe pergunto: o que é que o papa
fez por você?
Enfim, se
você come o pão com o suor de seu rosto, e não vive dos negócios da Igreja, se
não é padre, nem bispo, nem cardeal, nem monsenhor, nem diácono e muito menos
sacristão, me responda, sinceramente, a eleição do papa vai mudar alguma coisa
na sua vida? Você sentiu alguma diferença nesses dias em que ficamos sem papa,
com a saída do Ratzinger?
Ou você vai
ficar sentado na frente da televisão, amanhã, de olho na chaminé da capela
Sistina, de rosário na mão, esperando pela manifestação do Espírito Santo, só
para aumentar o “ibope” da Globo?
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