sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A BÍBLIA LIDA PELO DIABO

João Eichbaum

NOÉ SOLTA UM CORVO E DEPOIS UMA POMBA

7 E soltou um corvo que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra.

E tinha até corvo! O que é que o bicho comeu, esse tempo todo que ficou na arca? Só a sua corva?
Depois deve ter pirado total, com aquele montão de cadáveres de gente e de bicho que o dilúvio deixou apodrecendo sobre a terra. Nunca tinha visto tanta comida boa na vida.

8 Depois soltou uma pomba, a ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terr. 9 A pomba porém não achou repouso para a planta de seu pé e voltou a ele para a arca, porque as águas estavam sobre a face de toda a terra; e ele estendeu a mão, e tomou-a e meteu-a consigo na arca.

Pelo visto, o corvo não voltou. Se fosse pombo-correio o Noé podia ter escrito um bilhetinho pro Velho: cumé, a gente pode dar o fora?
Mas, não era pombo correio: se mandou e não deu mais as caras. Agora vocês já sabem porque o pessoal fala em “viagem do corvo”, quando alguém diz “já volto” e,ó, nunca mais.
O que o Noé não queria era quebrar a cara. Além de não saber voar, certamente não sabia nadar também.
O Velho Javé tinha feito as coisas pela metade. Tinha trancado o pessoal na arca e, decerto, pensou consigo: “agora se virem”. Porque, convenhamos, o que é que custava dar um alô pro Noé, dizendo: “pode abrir a arca, cara, passou o dilúvio”.
É certo que mandou um vento, mas nem o Noé acreditou muito no tal de vento.
É preciso também não esquecer que Ele tinha fechado a arca por fora. Como é que o Noé conseguiu abrir a janela, para soltar um corvo tristonho e uma pomba fuleira, ninguém sabe, não está escrito em lugar nenhum.

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