quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

SOBRE A MORTE

Paulo Wainberg

Morreu Sócrates, o jogador de futebol. Morreu porque seu organismo foi destruido pelo álcool, do qual foi dependente por muitos anos.
Primeira coisa que pensei: Para ele o sofrimento acabou e para nós, não.
Com esta lógica fria, meu pensamento é relevante, isto é, a morte é o fim de todo o sofrimento. Funciona como uma falha na energia elétrica, neste instante há luz, no seguinte há escuridão.
Todas as angústias, medos, revezes, indignações e tristezas apagam, deixando aos vivos a árdua tarefa de entender e a fugaz sensação de saudades que o dia a dia trata de amortecer.
Porém, as coisas não são assim, tão friamente lógicas e há que pensar, nem que seja para continuar vivendo, que a morte apaga também as alegrias, as conquistas, os sonhos e o prazer. O falecido também perde esse manancial, deixa de aproveitar, sai de cena.
A fria lógica, inconformada, ataca novamente: O que é melhor para o falecido, deixar de sofrer ou deixar de aproveitar?
Minha resposta é definitiva para essa questão: Não sei.
Só conheço uma situação, durante a vida, em que ela vale à pena cem por cento que é quando se realiza plenamente a paixão.
Aí sim nós atingimos a plenitude da felicidade e parece que, yes!, é bom viver.
Mas… é tão fugaz, esse momento que se esgota em si mesmo e que o tempo se encarrega de amortecer que…
Bem, estou falando disto porque o Sócrates morreu e ele foi um cara importante e super conhecido. Entretanto tantos morreram na mesma hora que ele, e todos os dias, e a cada minuto do dia, que este assunto, sinceramente, nem devia ser mais assunto.

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