A
COMÉDIA DO MENSALÃO: 31º ATO
João
Eichbaum
Vocês não acham que o Joaquim Barbosa é a cara da
tia Anastácia? Sim, a tia Anastácia, aquela do Monteiro Lobato, em razão da
qual o famoso escritor está sendo acusado de “racista”.
O Barbosa me fez lembrar a tia Anastácia, porque fez
tricô um tarde inteira, para poder condenar o Zé Dirceu. Pegou duas agulhas e,
vai pra cá, vai pra lá, duas para a direita, uma para a esquerda, uma por baixo
e outra por cima, e aí foi. Ele queria tecer uma peça inconsútil que servisse
de prova para botar o Zé de trás das grades. Para isso meteu na agulha até uma
das ex-mulheres do Zé Dirceu.
Provar esfericamente a participação do principal réu
do mensalão o Barbosa não conseguiu, mas deixou bem claro que o amigo da Dilma e do Lula estava
escondendo alguma coisa. Para o Joaquim Barbosa isso era sinal de que ele estava
mesmo organizando a compra de votos.
Na contramão, como era de se esperar, quer dizer,
todo mundo sabia, por que ele está no Supremo graças à “patroa” do Lula, a dona
Marisa, aquela cheia de botox, como todo mundo sabia, dizia eu, o Lewandowski
absolveu o Dirceu. Não por ser ele funcionário público, situação que lhe
negaria a “conditio sine qua non” para figurar como agente de corrupção ativa,
mas porque “não há prova direta” da participação dele, nos autos.
E, além de absolver o Zé Dirceu, o Lewandowski
desfraldou a bandeira da negativa do mensalão: não houve compra de aliados,
coisa nenhuma. E buscou a “prova” constante dos autos, um rol imenso de
testemunhas, todas do PT, que negaram a existência do mensalão. Foi como
naquela anedota: o promotor arrolou oito testemunhas que viram o réu matando a
vítima, mas o advogado de defesa arrolou oitocentas testemunhas que não viram o
réu matando a vítima.
Só perdeu a elegância, como se tivesse acabado de
peidar no plenário, quando o Mendes lhe lascou na cara a contradição: condenando os bagrinhos por corrupção passiva,
mas negando o mensalão...
Depois veio a Rosa Weber. Tava bonitinha, bem
articulada, maquiagem discreta, óculos combinando com os olhos vivos, voz
adocicada, sensualidade disfarçada, como sensualidade de virgem. E falou como
mulher, como toda a mulher que tem o sexto sentido, que, por qualquer mínima
manchinha de vermelho, ou por qualquer aroma diferente, já sai acusando o
marido de infiel: tudo indica que foi ele, o Zé Dirceu o mandão, porque o
Delúbio não tava com essa bola toda.
O terceiro foi o Fux, que veio dando aula sobre a
“teoria do domínio do fato”. A
“Tatherrschaft” é coisa do Claus Roxin, aquele alemão que inventou a teoria do
crime de bagatela. Resumidamente, a tal de teoria prega o seguinte: do conjunto
da obra se extrai o agente, não precisa prova direta.
É um sinal de que vão pegar o Zé Dirceu de qualquer
jeito.
E a “companheirada” daqueles tempos já deve
estar cogitando do sequestro do embaixador alemão, por ser conterrâneo do Claus
Roxin, a fim de trocá-lo, outra vez, pelo Zé Dirceu.
Um comentário:
Pelo andar da carruagem...
Por via das dúvidas, sugiro reforço na proteção do embaixador alemão. Afinal, hoje sequestrar não é preciso, é mais fácil obter recepção de heroi em alguma embaixada sulamericana.Achei a análise de Eichbaum bastante equilibrada.
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