sexta-feira, 5 de outubro de 2012


A COMÉDIA DO MENSALÃO: 31º ATO

João Eichbaum

Vocês não acham que o Joaquim Barbosa é a cara da tia Anastácia? Sim, a tia Anastácia, aquela do Monteiro Lobato, em razão da qual o famoso escritor está sendo acusado de “racista”.
O Barbosa me fez lembrar a tia Anastácia, porque fez tricô um tarde inteira, para poder condenar o Zé Dirceu. Pegou duas agulhas e, vai pra cá, vai pra lá, duas para a direita, uma para a esquerda, uma por baixo e outra por cima, e aí foi. Ele queria tecer uma peça inconsútil que servisse de prova para botar o Zé de trás das grades. Para isso meteu na agulha até uma das ex-mulheres do Zé Dirceu.
Provar esfericamente a participação do principal réu do mensalão o Barbosa não conseguiu, mas deixou bem claro que o amigo da Dilma e do Lula estava escondendo alguma coisa. Para o Joaquim Barbosa isso era sinal de que ele estava mesmo organizando a compra de votos.
Na contramão, como era de se esperar, quer dizer, todo mundo sabia, por que ele está no Supremo graças à “patroa” do Lula, a dona Marisa, aquela cheia de botox, como todo mundo sabia, dizia eu, o Lewandowski absolveu o Dirceu. Não por ser ele funcionário público, situação que lhe negaria a “conditio sine qua non” para figurar como agente de corrupção ativa, mas porque “não há prova direta” da participação dele, nos autos.
E, além de absolver o Zé Dirceu, o Lewandowski desfraldou a bandeira da negativa do mensalão: não houve compra de aliados, coisa nenhuma. E buscou a “prova” constante dos autos, um rol imenso de testemunhas, todas do PT, que negaram a existência do mensalão. Foi como naquela anedota: o promotor arrolou oito testemunhas que viram o réu matando a vítima, mas o advogado de defesa arrolou oitocentas testemunhas que não viram o réu matando a vítima.
Só perdeu a elegância, como se tivesse acabado de peidar no plenário, quando o Mendes lhe lascou na cara a contradição:  condenando os bagrinhos por corrupção passiva, mas  negando o mensalão...
Depois veio a Rosa Weber. Tava bonitinha, bem articulada, maquiagem discreta, óculos combinando com os olhos vivos, voz adocicada, sensualidade disfarçada, como sensualidade de virgem. E falou como mulher, como toda a mulher que tem o sexto sentido, que, por qualquer mínima manchinha de vermelho, ou por qualquer aroma diferente, já sai acusando o marido de infiel: tudo indica que foi ele, o Zé Dirceu o mandão, porque o Delúbio não tava com essa bola toda.
O terceiro foi o Fux, que veio dando aula sobre a “teoria do domínio  do fato”. A “Tatherrschaft” é coisa do Claus Roxin, aquele alemão que inventou a teoria do crime de bagatela. Resumidamente, a tal de teoria prega o seguinte: do conjunto da obra se extrai o agente, não precisa prova direta.
É um sinal de que vão pegar o Zé Dirceu de qualquer jeito.
E a “companheirada” daqueles tempos já deve estar cogitando do sequestro do embaixador alemão, por ser conterrâneo do Claus Roxin, a fim de trocá-lo, outra vez, pelo Zé Dirceu.

Um comentário:

Gigi disse...

Pelo andar da carruagem...

Por via das dúvidas, sugiro reforço na proteção do embaixador alemão. Afinal, hoje sequestrar não é preciso, é mais fácil obter recepção de heroi em alguma embaixada sulamericana.Achei a análise de Eichbaum bastante equilibrada.