ESSA MERDA CHAMADA
JUSTIÇA
João Eichbaum
Já contei para muita
gente, e é possível que tenha contado aqui nesse blog. Me desculpem, se estou
repetindo a história.
Há alguns anos, fazendo
uma viagem de trem pela Itália, tive a companhia de duas professoras
italianas na cabine em que viajava. Como domino o italiano, em pouco tempo
travei conversa com elas e aí, conversa vai, conversa vem, e entre papos e
idéias uma delas despejou uma pergunta que me deixou chocado e feliz ao mesmo:
"e a Justiça no Brasil funciona, ou é a mesma merda da Itália?"
Fiquei chocado, não
pelo baixo calão, mas porque pensava que, sendo a Itália um país de primeiro
mundo, tudo funcionasse muito bem lá, a começar pela Justiça. Mas, ao mesmo
tempo me senti feliz por encontrar alguém que pensa como eu: a justiça é mais
abastecida com fezes do que com massa cerebral.
Ontem, lendo uma reportagem da ZH sobre uma moça de
Novo Hamburgo que está presa em Barcelona, indiciada por tráfico de drogas,
respirei aliviado, me dando razão mais uma vez: a Justiça é isso mesmo, em
qualquer parte do mundo.
O caso da moça de Novo Hamburgo é bem ilustrativo desse
conceito de esterco. Ela está com prisão provisória há quase dois anos e só a
partir de hoje será julgada.
Dois anos de prisão provisória! Dois anos, chorando de dor,
de saudade, de raiva! Já pensaram nisso? Dois anos roubados de uma vida, como
garantia para um futuro julgamento!
E esse caso tem uma peculiaridade. A moça trabalhava num
cruzeiro marítimo como nutricionista. Quando o navio, em que ela trabalhava,
atracou em Barcelona, a moça foi detida e revistada pela polícia. Na
bagagem dela encontraram cocaína.
O achado teve uma explicação: o ex-namorado confessou ter
plantado a droga furtivamente na bagagem da nutricionista..
De nada adiantou a confissão do ex-namorado. A moça, com boa
formação e estrutura familiar, continuou na prisão, pois a presunção do juiz é
de que ela fugiria, se fosse libertada, porque “se comunica muito bem em inglês”.
E aí, como diria o Chacrinha, quem em inglês se comunica, se trumbica.
Portanto ela ficou presa porque vale mais o sentimento
pessoal do juiz do que a prova no processo.
Ou será que na Espanha o que se presume legalmente é a culpa
e não a inocência?
Conclusão: aqui, lá na Espanha, na Italia, em qualquer lugar
do mundo é difícil separar a Justiça da matéria produzida no intestino dos
animais. Juízes são autômatos a serviço da lei, sofrem constantes apagões
de sensatez, ou deixam para os estagiários a decisão, seja ela qual for - como
acontece aqui no Brasil.
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