segunda-feira, 9 de setembro de 2013



ESSA MERDA CHAMADA JUSTIÇA

João Eichbaum


Já contei para muita gente, e é possível que tenha contado aqui nesse blog. Me desculpem, se estou repetindo a história.
Há alguns anos, fazendo uma viagem de trem pela Itália, tive a companhia de duas professoras italianas na cabine em que viajava. Como domino o italiano, em pouco tempo travei conversa com elas e aí, conversa vai, conversa vem, e entre papos e idéias uma delas despejou uma pergunta que me deixou chocado e feliz ao mesmo: "e a Justiça no Brasil funciona, ou é a mesma merda da Itália?"
Fiquei chocado, não pelo baixo calão, mas porque pensava que, sendo a Itália um país de primeiro mundo, tudo funcionasse muito bem lá, a começar pela Justiça. Mas, ao mesmo tempo me senti feliz por encontrar alguém que pensa como eu: a justiça é mais abastecida com fezes do que com massa cerebral.
Ontem, lendo uma  reportagem da ZH sobre uma moça de Novo Hamburgo que está presa em Barcelona, indiciada por tráfico de drogas, respirei aliviado, me dando razão mais uma vez: a Justiça é isso mesmo, em qualquer parte do mundo.
O caso da moça de Novo Hamburgo é bem ilustrativo desse conceito de esterco. Ela está com prisão provisória há quase dois anos e só a partir de hoje  será julgada.
Dois anos de prisão provisória! Dois anos, chorando de dor, de saudade, de raiva! Já pensaram nisso? Dois anos roubados de uma vida, como garantia para um futuro julgamento!
E esse caso tem uma peculiaridade. A moça trabalhava num cruzeiro marítimo como nutricionista. Quando o navio, em que ela trabalhava, atracou em  Barcelona, a moça foi detida e revistada pela polícia. Na bagagem dela encontraram cocaína.
O achado teve uma explicação: o ex-namorado confessou ter plantado a droga furtivamente na bagagem da nutricionista..
De nada adiantou a confissão do ex-namorado. A moça, com boa formação e estrutura familiar, continuou na prisão, pois a presunção do juiz é de que ela fugiria, se fosse libertada, porque “se comunica muito bem em inglês”. E aí, como diria o Chacrinha, quem em inglês se comunica, se trumbica.
Portanto ela ficou presa porque vale mais o sentimento pessoal do juiz do que a prova no processo.
Ou será que na Espanha o que se presume legalmente é a culpa e não a inocência?
Conclusão: aqui, lá na Espanha, na Italia, em qualquer lugar do mundo é difícil separar a Justiça da matéria produzida no intestino dos animais. Juízes são autômatos a serviço da lei,  sofrem constantes apagões de sensatez, ou deixam para os estagiários a decisão, seja ela qual for - como acontece aqui no Brasil.






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