terça-feira, 24 de setembro de 2013

PLANETACHO

Tacho

A LAN HOUSE

Agenor, o pajeador*


A uma Lan House certa feita
fui chegando receoso.
Internet, vício sarnoso,
Mouse boleadeira esquisita.
Queria charlar com uma prenda bonita
a flor mais cheirosa de Jaguarão.
Não havia outro jeito, Facebook era a solução.
No balcão havia um nerd gaudério
que charlou feito fantasma sem cemitério:
- Escolhe um computador buenaço e pega...
Essas fotos juntos tem quase um mega.
Vai e escolhe o que fica melhor pra ti,
conexão é muito ligeira, velocidade jabuti...

Me abanquei num cepo giratório
e incômodo, feito aplicação de supositório.
Fui logo esperando entrar o Windows XP.
A tela era moderna, toda feita de ipê.
Caixa de som uma cabaça, espécie de poronguinho.
Eu precisava matar a saudade daquela guria
estava me atrapalhando com tanta tecnologia.
Trouxe um rascunho no pen drive da guaiaca
com o que eu tinha para dizer entalhado a faca.
Regalo mui especial, cosa igual não hai.
Adquirido em uma pulperia nas bandas do Paraguai.

O computador baio judiado, do tempo dos meus avós
tinha sido de Garibaldi cem anos antes do DOS.
E vou lhe falar um troço, se estou mentindo me cutuca:
Para capturar os vírus tinha até uma arapuca.
O bicho deu um manotaço e relincho dos mui feios,
mas como não tinha mouse, segurei os arreios.
Os anos foram passando e eu ali abichornado.
A tal prenda do Jaguarão ficou lá no passado.
Uns dizem que virou solteirona, nunca arrumou namorado.
Me querenciei pela Lan House para escapar do vuco vuco.
Mas uma coisa lhe digo: o tal computador não tem
paciência, mas é mui bueno de truco.

* O Agenor pajeador é datilógrafo, formado na escola da dona Noca lá em Caçapava.


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