UM ANJO ANDRAJOSO NA RUA
G. Della Quercia
Aquela mãozinha acenava e dizia: "tchau,
tchau"..." Não fica triste... Fica feliz, fica feliz... Tchau,
tchau... "
Era comigo a
história.
Estava ali, o autor, na
soleira da porta. Idade? Meninos de rua não têm idade. Tem sonhos, talvez. Como
toda criança.
Pequeno. Descalço. A roupa
alojada como uma segunda pele, engomada pela sujeira. Encardida, mal cheirosa,
como o corpo do menino. Um corpinho que não conhece o sabor de um chuveiro
quente. O cheirinho de um sabonete.
Estava ali. Sentado na soleira.
Brincando com um caminhãozinho quebrado. Tirado do lixo, com certeza. Parecia
feliz, apesar de tudo.
Parei. Tive vontade de
abraçá-lo. Acarinhá-lo. Senti vergonha da minha tristeza. E, o menino, com o
brinquedo quebrado, dizia pra eu ser feliz.
Soprei - lhe um beijo com a
mão e seus olhos brilharam. Suas mãozinhas fizeram festa. Seu sorriso
duplicou.
E, Dona Dilma, fala em
"golpe".
O sorriso desse menino foi
molhado pelas minhas lágrimas, rua a fora.
E, "Dona Dilma",
continua falando em "golpe".
Dizem que ela repete,
usando a "mecânica quântica". Dizem haver referências ocultas em seus
discursos. Poesia de Fernando Pessoa. Alguma coisa de Dostoievski, Kant, Georg
Simme, Brian Greene, Teoria da Relatividade...
Mas o que não fica oculto é
a miséria dessa criança, que me acenou, dizendo pra eu ser feliz...
Quem está dando o
"golpe", Senhora Presidente? Esse menino que pediu para eu ser
feliz, com os pés descalços e um brinde quebrado? Esse menino que não sabe o
que é um prato de comida decente, o que é ter uma cama para dormir, uma casa
para morar?
Uma esquerda criminosa não
precisa "pegar em armas". Basta roubar o sonho de uma criança. Basta
roubar-lhe a Escola, o Saber. O direito a um livro para aprender...Basta
continuar com o desgoverno e atirar nas entranhas de um abismo, um país que não
é mais nosso.
Não sei se terá
volta.
Mesmo com um menino,
dizendo pra eu ser feliz...
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